“A Revolução Invisível: Como Movimentos Subversivos Estão Desmantelando o Capitalismo de Dentro para Fora”

Sara Wagner York
5 min readJun 25, 2024

--

Imagem: Lucas Bambozzi

📺 Nesta terça-feira, dia 25.06.2024, às 14h, na TV247, não perca a oportunidade de assistir a uma conversa incendiária com Suely Rolnik, uma das mais proeminentes ativistas do pensamento contemporâneo. Professora Titular da PUC-SP, psicanalista, escritora e curadora, Suely tem dedicado sua vida a explorar as complexas relações entre os modos de produção da subjetividade e os sistemas políticos. Com uma abordagem transdisciplinar e uma prática clínico-política profundamente enraizada, ela desafia as normas e abre novas perspectivas sobre a revolução silenciosa dos movimentos subversivos que estão desmantelando o capitalismo de dentro para fora.

Suely Rolnik tem participado ativamente de elaborações coletivas local e internacionalmente por mais de quatro décadas. Suas conferências, seminários e oficinas em diversos países, além de suas publicações traduzidas em mais de 20 idiomas, continuam a impactar profundamente o pensamento crítico. Autora de nove livros e uma centena de ensaios, incluindo a coautoria com Félix Guattari do influente “Micropolítica: cartografias do desejo”, seus livros mais recentes, “Antropofagia Zumbi” (n-1, 2021) e “Esferas da insurreição: Notas para uma vida não cafetinada” (n-1, 2018), são leitura obrigatória para qualquer um interessado em entender as transformações em curso.

Nossa conversa prévia iniciou quando Suely Rolnik me chamou via chat para discutir os pontos pelos quais eu gostaria de passar. Aproveitei e fiz algumas perguntas que precedem nosso programa de amanhã:

**Sara York:** Suely, você pode nos falar sobre como o movimento indígena feminista e o movimento negro no Brasil estão se colocando atualmente?

**Suely Rolnik:** Claro, Sara. O que vejo é que esses movimentos estão conseguindo se colocar a partir de uma conexão com os afetos, efeitos do ecossistema ambiental, social e mental em nossos corpos, e de sua decifração na condução das ações. Isso é fundamental do ponto de vista micropolítico, ou seja, da base subjetiva do sistema colonial–racial-cisheteropatriarcal-capitalista que lhe provê sua consistência existencial, sem a qual não se sustentaria. A engrenagem principal da subjetividade produzida por este sistema é, justamente, desconecá-la com os afetos, o que leva a interpretar o que nos acontece a partir de projeções de nosso imaginário, gerando ideias inadequadas a conduzir nossas ações. Tenho fé nesses movimentos, fé em sua potência vital, porque se você muda apenas o sistema capitalista em sua face visível, lutando apenas no plano do Estado por melhores acessos a direitos, sem mexer no modo de existência, tudo acaba voltando para o mesmo lugar. Esses movimentos estão mexendo nesse modo de existência. Eles estão falando a partir de outro lugar, diferente de simplesmente ocupar o lugar de fala do oprimido que foi silenciado, que mantém a mesma cena e seus personagens. Eles estão funcionando de um jeito diferente, o que desestabiliza a base existencial deste sistema e, a longo prazo, tem o potencial de mudar completamente o pacto social que fundou esse país (e o mundo sob comando deste sistema, que hoje ganhou um poder globalitário). Isso pode acabar efetivamente com essa história horrorosa que estamos vivendo há mais de cinco séculos.

**Sara York:** Isso é fascinante. Pode nos explicar mais sobre como essa intervenção é política e por que é tão crucial?

**Suely Rolnik:** Sim, claro. Intervir nessa esfera micropolítica. Hoje, a produção desse tipo de subjetividade baseada na tal desconexão, chega a um extremo que podemos chamar de fascista, sendo que as tecnologias micropolíticas de produção do fascismo atual são muito mais do que em suas versões históricas, devido as redes sociais e a internet. Se não mexermos nisso, tudo volta ao mesmo lugar. Os algoritmos adaptam a mensagem para cada perfil de grupo, o que torna a manipulação infinitamente mais eficaz. Então, não adianta apenas batalhar no plano das políticas visíveis; é preciso intervir na esfera micropolítica, e é nisso que esses movimentos estão agindo. Se as esquerdas não se derem conta disso, elas vão continuar dando respostas inadequadas à violência do cenário atual. E de nada adianta ficar se lamentando pelos cantos ou apenas insistindo em tentar pequenas reformas.

**Sara York:** Falando sobre a esquerda e esses movimentos, qual é a importância de discutirmos isso de forma aguda?

**Suely Rolnik:** É extremamente importante. Discutir isso claramente ajuda a entender que a verdadeira transformação não é apenas estrutural, mas também subjetiva. A esquerda precisa reconhecer e apoiar esses movimentos que estão operando nessa outra esfera política. Esses movimentos têm a capacidade de transformar profundamente nossa sociedade ao mudar a forma como vivemos e nos relacionamos. Precisamos compartilhar essa compreensão com as pessoas para que possam se engajar nessa luta de maneira mais profunda e eficaz.

*Sara York:** Muito obrigada, Suely. Suas palavras são inspiradoras e esclarecedoras. Amanhã nos da TV247 mergulharemos em muito mais com você!

Quer mais de Suely Rolnik? Segue!

*Convite Especial para o Programa Tech Talk* 📺 Nesta terça-feira, dia 25.06.2024 às 14h, na TV247 para uma conversa estimulante com a renomada Suely Rolnik, uma ativista do pensamento que tem dedicado sua vida à exploração da relação entre os modos de produção da subjetividade e os sistemas políticos. Com uma abordagem transdisciplinar que é indissociável de sua prática clínico-política, Suely traz uma perspectiva única e valiosa para o diálogo. Como Professora Titular da PUC-SP, psicanalista, escritora e, ocasionalmente, curadora, ela tem participado ativamente de elaborações coletivas tanto local quanto internacionalmente por mais de quatro décadas. Suas contribuições incluem conferências, seminários e oficinas em diversos países, além de publicações traduzidas em mais de 20 idiomas. Autora de nove livros e uma centena de ensaios, incluindo a coautoria com Félix Guattari do influente “Micropolítica: cartografias do desejo”, Suely continua a impactar o pensamento contemporâneo. Seus livros mais recentes são “Antropofagia Zumbi” (n-1, 2021) e “Esferas da insurreição: Notas para uma vida não cafetinada” (n-1, 2018). Não perca esta oportunidade única de mergulhar nas ideias que estão moldando nosso mundo. Marque na sua agenda e participe do diálogo! Estarão conosco nessa conversa @eduardolealcunha @rafaelleopoldo @ceucavalcanti 🔖✨ #TechTalk #TV247 #SuelyRolnik #PensamentoAtivista #Psicanálise #Política #Subjetividade

--

--