As fendas que são menos vistas. Perguntas para sustentar uma pedagogia incerta.

Sara Wagner York
4 min readFeb 21, 2021

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por Lucía Egaña Rojas e tradução de Sara Wagner York

Imagem de Alex XAB

Acaso a palavra pedagogia não é a mesma que demagogia, apenas com dislexia?

Por que a dislexia não é considerada sexy?

Podemos imaginar uma poesia de cordel para amarrar um pacto de aprendizagem?

A excitação é um argumento expositivo?

Por que o gesto de desacreditar-se insiste diante de critérios heterossexuais de legitimidade pedagógica e institucional?

Por que esses heterossexuais, vendo você despojado de todos os seus princípios de legitimidade, aproveitam a oportunidade para privar você de sua saudação, denunciá-lo ou jogá-lo de um penhasco?

O caminho das pedagogias cuir não é um caminho que só regride e se degrada, no sentido de que não é capaz de se projetar em um futuro promissor?

É possível compreender dentro de uma estrutura normal e normalizante uma prática pedagógica que procura quebrar divisões entre teoria e prática, entre acima e abaixo, entre homem e mulher, entre futuro e passado?

Quem faz valer a busca que tenta contra as relações de poder?

É possível colocar os coquetéis Molotov no poder?

Como você coloca os coquetéis Molotov no capacitismo?

É possível propor processos pedagógicos onde nem o futuro nem os pais são a coisa mais importante?

Quem aprende como um cão, quem faz perguntas como um fungo, quem observa como uma partícula de pó?

É possível pensar (você pode imaginar) uma pedagogia que não se concentre nos resultados esperados?

Quando a realização cai pelo buraco rachado do quebrado?

Como ignorar essa tentativa de moldar o corpo, a subjetividade e o intelecto da educação que lhe foi dada?

Como podemos ignorar a produção da ignorância como modelo de conhecimento ocidental, branco e heterossexual?

Por que essa ignorância ignora o que ignora, finge que não existe, transforma-o em um detento desaparecido?

As escolas que conhecemos não são fábricas ou agentes de produção da ignorância, simplesmente, sem suspeita, sem preocupação, simplesmente, a ignorância como apagamento da complexidade?

Quando a educação heterossexual se constitui como um elemento estritamente homogeneizante?

O que os projetos do estado-nação estão fazendo aqui?

Em que contextos a rarificação do cuir pode levar a um lugar inconclusivo?

É possível falar de pedagogias cuir sem levar em conta a existência de heterossexuais?

Por que eles insistem tanto na relação entre sexualidade obrigatória e um corpo “normalmente” capaz?

Poderiam as pedagogias cuir ser usadas para desvendar a incoerência da heterossexualidade?

Por que eles entendem “incorporar o corpo ao discurso pedagógico” de uma forma tão anti-corpórea?

Alguém entendeu?

Por que alguns “textos de estudo” parecem ser escritos com amoxicilina?

Com que finalidade matar todos os vestígios de bactérias?

A assepsia é algo com que devemos aprender?

Quanto disto você leu é curioso?

Quanto do texto é pedagógico?

Pode haver uma definição fechada de algo que seria chamado de “cuir pedagogia”?

Como entra em jogo a diferença entre bicha e cuir quando ela acompanha o pedagógico?

As estruturas teóricas existentes são capazes de defini-la?

Como fazer uma pedagogia que não seja extrativista?

Quais serão os encantamentos contra a dívida, o roubo e a violência?

Como ensinar algo sem roubar o material e o doloroso?

Como não esperar sempre do futuro o rápido e a velocidade da realização imemorável?

Como fazer uma pedagogia que não seja racista?

É possível ensinar algo como se a violência não existisse?

Como se orientar diante do binômio que desintegra a teoria e a prática?

Como emancipar-se da “distância crítica” e dessa noção de crítica que expulsa o corpo das esferas do pensamento?

Existe um lugar onde a pedagogia e a sexualidade possam ser misturadas sem as estruturas que regulamentaram este vínculo geralmente permeado por abuso e perversão?

Como será tão difícil “incluir” a sexualidade se devemos trazê-la para dentro?

Você pode ensinar colocando o parceiro, primo, vizinho, irmã de um sangue ansioso por uma ética de aprendizagem?

Como você emancipa a sexualidade que não é heterocêntrica do pervertido?

Por que eu deveria escrever sobre cuir pedagogia?

O que me qualifica para fazer isso?

Existem especialistas no assunto?

Com base no que a experiência em algo tão difuso seria configurada?

Por que não existem especialistas curiosos, e apenas especialistas esquisitos?

Por que é que nos processos pedagógicos que pratico, ou que acho que pratico, os alunos me perguntam com tanta freqüência se uso ou tenho uma metodologia porque não é óbvio que tenho uma se estou vestido assim e tento ouvir como um grupo é organizado quando não recebe ordens?

Um texto que não afirma nada e apenas dúvidas é talvez o mais pedagógico e o mais curioso que posso dizer?

Material original em: https://hysteria.mx/las-grietas-que-menos-se-ven-preguntas-para-sostener-una-pedagogia-incierta/

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Sara Wagner York
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Teacher, transgirl, father and grandma

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