O Envelhecimento Trans: Entre Desafios e Expectativas de Longevidade

3 min readMar 24, 2025

por Sara Wagner York

Na primeira semana de outubro de 2024, tive a honra de participar do Congresso Estadual de Geriatria, o GeriatRio 2024, realizado presencialmente no Rio de Janeiro. Como pesquisadora da educação e jornalista, interessada na interface entre educação e saúde, participei das discussões sobre os desafios e avanços na longevidade humana, especialmente no que se refere à população trans acompanhada pela Professora Dra. Aline Saraiva e Carolina Rebellato.

https://geriatrio2024.com.br

O evento marcou um retorno significativo para mim, pois já havia contribuído em 2023 no Simpósio de Velhice LGBT. Dessa vez, a responsabilidade era ainda maior, pois o retorno presencial impunha um compromisso reforçado com a discussão de temas fundamentais. Durante a minha apresentação, reforcei a importância de compreender como o envelhecimento pode ser acelerado quando populações marginalizadas, como a trans, vivem sob estresse contínuo. Fatores como violência, exclusão social e dificuldade de acesso à saúde impactam diretamente na expectativa de vida e na qualidade do envelhecimento dessas pessoas.

O protagonismo da pessoa idosa foi o tema central do congresso, refletindo a necessidade de compreender o envelhecimento não apenas como um processo biológico, mas também social. Dentro dos “5Ms da Geriatria”, um deles se destaca: “o que mais importa para você”. Essa abordagem coloca o idoso no centro das decisões sobre sua própria saúde e qualidade de vida, um conceito que precisa ser ampliado para abarcar a realidade das pessoas trans idosas.

Já em 2025, propriamente falando desta semana e residindo aqui nos EUA desde 2024, assisti em universidades americanas a palestra do Dr. Aubrey de Grey, conhecido por seus estudos sobre o envelhecimento. De Grey comparou o envelhecimento a um carro que acumula defeitos ao longo do tempo. Em vez de substituir o veículo, ele propõe reparar cada peça danificada, um conceito que guia suas pesquisas na SENS Research Foundation. Seu trabalho sugere que o envelhecimento pode ser combatido por meio de estratégias científicas de reparo celular e prevenção de danos acumulados.

A discussão promovida por De Grey se conecta diretamente com as questões abordadas no GeriatRio 2024. Afinal, enquanto buscamos soluções para prolongar a vida com qualidade, é essencial considerar como certas populações estão sendo desproporcionalmente afetadas pelos desafios do envelhecimento. Se, de um lado, avançamos na compreensão das ciências biomédicas para aumentar a longevidade, de outro, é fundamental garantir que todas as pessoas, independentemente de sua identidade de gênero, tenham acesso igualitário aos benefícios dessas descobertas.

A lição que fica tanto do GeriatRIO 2024, quanto do doutor Grey é a sua máxima: Longevity escape velocity! Ou seja,

“Velocidade de Escape da Longevidade!”

O conceito se refere ao ponto em que os avanços na medicina e na biotecnologia conseguem prolongar a vida mais rápido do que o envelhecimento ocorre, criando uma espécie de “fuga” do envelhecimento biológico.

O rejuvenescimento não é apenas uma questão estética, mas um reflexo da maneira como cuidamos de nossa saúde e bem-estar ao longo do tempo. Tratamentos não invasivos, como lasers, peelings e microagulhamento, estão revolucionando os cuidados com a pele, promovendo melhorias significativas sem a necessidade de procedimentos cirúrgicos. Além disso, uma alimentação equilibrada e um estilo de vida saudável desempenham um papel crucial na manutenção da vitalidade e na prevenção dos sinais do envelhecimento. Os avanços tecnológicos continuam a expandir as possibilidades, com novas abordagens como radiofrequência e ultrassom para estimular a produção de colágeno. A personalização dos tratamentos também se tornou uma tendência essencial, permitindo que cada indivíduo receba cuidados adaptados às suas necessidades específicas. Em um mundo onde a longevidade se torna cada vez mais uma realidade alcançável, cuidar do próprio envelhecimento significa investir na qualidade de vida. Agora me conta, como você tem discutido esse tema?

Agradeço às doutoras Anelise Fonseca e Sandra Rabello, presidentes da SBGG-RJ, pelo compromisso com a discussão sobre envelhecimento com a população trans. É com esse compromisso que seguimos construindo um futuro mais inclusivo e digno para todas as pessoas, em qualquer fase da vida.

Para conhecer melhor o trabalho do cientista mencionado: https://www.youtube.com/watch?v=jNmPs66_cTA

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Sara Wagner York
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Written by Sara Wagner York

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